A última edição da mais importante feira de autopeças, equipamentos e acessórios da América Latina, a Automec, chegou ao fim, em 16 de abril, fazendo crer que o mercado de reposição automotiva no Brasil vai muito bem, obrigado. Um ótimo sinal, depois de o setor ter passado por uma edição nada animadora em 2009.

Neste ano, com um cenário nacional superaquecido e diante de uma economia cambial que pouco estimula a concorrência dos produtos nacionais em outros países, a reposição ganhou ainda mais força dentro das empresas, que não pouparam esforços nem dinheiro para apresentar ao público a maior Automec de todas. O evento, que ocupou todo o Pavilhão de Exposições do Anhembi, contou com a participação de 1.142 empresas expositoras – das quais 130 estão pela primeira vez na feira –, cresceu 18% em relação à última edição, realizada em 2009. Para Paulo Butori, presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e da Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças), a Automec conquistou seu espaço no concorrido calendário de feiras internacionais e dispensa as apresentações: “Nasceu modesta, em 1993, quando não havia mais lugar para indústria no concorrido Salão do Automóvel. A separação foi providencial porque nos fez desenvolver ambiente mais adequado para mostrar esses produtos ao mercado interno e externo e fechar negócios. Agora, em sua 10ª edição, a Automec mostrou mais uma vez a importância deste mercado no crescente setor automotivo”.

A prova de reconhecimento internacional do evento se fez ver nos corredores ocupados pelos asiáticos, com fabricantes vindos de China e Taiwan, e da participação de empresas de países tradicionais, como Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México e Turquia,

entre outros.

No entanto, lá mesmo, na Automec, esses empresários perceberam que, no que depender do mercado nacional de reposição, terão que se ajustar às regras de qualidade exigidas no País se quiserem de fato competir por aqui. Francisco de La Torre, do Sincopeças-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo), ressaltou o lançamento do projeto Loja Legal, nova campanha contra falsificação e pirataria do GMA (Grupo de Manutenção Automotiva). “Aqui é o melhor lugar para expor esses conceitos para o setor, já que atinge profissionais de todas as áreas da reposição e garante o desenvolvimento do mercado que está em constante transformação. Esta edição ficará para a história e mostrou a força que a indústria de autopeças tem no cenário econômico.”

Renato Giannini, presidente da Andap/Sicap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças e Sindicato do Comércio Atacadista para Indústria e para Veículos em São Paulo), também ressaltou o poder de união do evento e a importância do combate à pirataria: “A Automec permite a integração com todos os canais que fazem parte da reposição. Nesta edição, por exemplo, o programa Carro 100% abordou a questão da certificação de autopeças com selo do Inmetro como instrumento de combate à pirataria e a falsificação e a Andap também está engajada nesta importante ação. Acreditamos que a feira tenha sido o local mais propício para iniciar a disseminação deste trabalho”.

Neste ano o evento registrou recorde também na visitação. Passaram por lá mais de 70 mil profissionais, vindos de 31 países. Apesar da grandiosidade, segundo Hércules Ricco, diretor de Eventos da Reed Exhibitions Alcantara Machado, é o apoio das principais entidades do setor (Sindipeças, Andap/Sicap, Sincopeças e Sindirepa-SP, além do GMA) ao evento que faz com que ele tenha a importância que merece: “O setor tem uma união que fortalece toda a cadeia produtiva e a Automec é a prova disso. Hoje já está consolidada e eu me atrevo a dizer que já faz parte do calendário internacional”.

Para Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), a participação das entidades no evento serve para destacar o que de fato a Automec tem de mais importante: “Mais do que apresentar as novas tecnologias ou apontar tendências de mercado, a feira permite a integração de todos os elos da cadeia do setor de reposição automotiva. Essa é sem dúvida uma oportunidade única de levar conhecimento técnico, promover a confraternização e o encontro entre os profissionais e as entidades de outros Estados, que conseguem dispor de um panorama geral da atividade no País”.

Boa fase

Antônio Carlos Bento, coordenador do GMA e vice-presidente do Sindipeças, acredita que o evento deste ano refletiu a boa fase pela qual passa o mercado de reposição automotiva no País: “Há uma série de fatores que contribuem para que o desempenho siga em expansão, como o crescimento da frota circulante, a inspeção ambiental veicular na cidade de São Paulo, que concentra 22% da frota do País, e a maior conscientização do motorista sobre a importância da manutenção preventiva de veículos”.

Difícil, no entanto, é saber o quanto um evento deste porte é capaz de ajudar a fechar novos negócios. Hércules Ricco afirma que pesquisas feitas pela organização da feira com os expositores apontam que a Automec estimule de três a quatro meses de produção dos fabricantes expositores.

Aliás, por falar em fabricantes, eles também se mostraram bastante animados em relação ao mercado nacional: “Estamos otimistas com o mercado em geral. A inspeção ambiental obrigatória gerou demanda para as oficinas, aquecendo todo o setor de reparação”, comenta Marcus Vinicius P. Silva, diretor de Vendas para o mercado de reposição da Sabó América do Sul.

Edson Brasil, vice-presidente da Delphi Soluções em Produtos e Serviços para a América do Sul, também disse estar bastante confiante na força do mercado nacional: “O mercado passa por um momento mais brilhante que já vivi. Ficamos muitos anos fabricando peças só para determinados veículos e hoje estamos nos empenhando para acompanhar esse mercado, engajados em crescer com ele”.

A maré é tão positiva que algumas empresas divulgaram durante o evento suas expectativas de crescimento. “Projetamos um crescimento anual de 15% no setor de peças de reposição da Kostal, pelo menos para os próximos cinco anos. Isso porque existem muitos veículos entrando no período de reposições de peças”, explicou Sérgio Rosa, gerente de Reposição da fabricante de acessórios.

Tanto positivismo tem explicação: dados do GMA apontam que o setor de reparação de veículos no Brasil sente os reflexos do aumento da frota circulante com o aquecimento das vendas de carros novos. As 92.100 oficinas espalhadas pelo País registraram faturamento de R$ 29,3 bilhões em 2010, o que representa incremento de 24,7% do resultado de 2009 e o melhor desempenho do setor nos últimos seis anos.

O resultado alcançado pelo setor comprova que a evolução da frota circulante, que totaliza 32,5 milhões de unidades entre automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões (dados do Levantamento da Frota Circulante Brasileira do Sindipeças 2010) interfere no movimento do mercado de reposição de veículos. “O crescimento médio de 7,5% da frota circulante nos últimos três anos associado à conscientização sobre a importância da manutenção preventiva do veículo e à implantação da inspeção ambiental veicular na cidade de São Paulo são fatores que contribuem para o aumento do desempenho das empresas que atuam no segmento de reparação”, explicou Bento.

Somando o resultado de todos os elos da cadeia que representam 131.200 empresas, entre fabricantes de autopeças, distribuidores, varejo e oficinas, que, juntos, geram mais de 965 mil empregos diretos, o movimento financeiro em 2010 alcançou R$ 69,2 bilhões. Para as fabricantes de autopeças, o faturamento na reposição automotiva foi de R$ 12,6 bilhões e representa 14,6% do total do movimento da indústria.

Relacionamento

Além dos números, a Automec permite refinar outro importante fator deste setor: o relacionamento. “Um evento deste nível é uma ótima oportunidade de mostrarmos um pouco mais do que oferecemos ao setor automotivo e é sem dúvida uma oportunidade única de estreitar relacionamento e estabelecer novos contatos para parcerias futuras”, diz Rubens Campos, vice-presidente do Aftermarket Automotivo do Grupo Schaeffler para a América do Sul.

Ecaterina Grigulevitch, gerente da Monroe, concorda com Campos e completa: “Ficamos cinco dias na feira para atender a todos os visitantes, pois enxergamos na Automec um grande potencial de relacionamento com nossos clientes e para novos negócios”.

Na onda da internet

Em 2011, a Automec foi palco de lançamentos que extrapolaram o Anhembi. Pela primeira vez neste ano, a feira pôde ser acompanhada com exclusividade e diariamente em um blog próprio do evento. No www.blogautomec.com.br o internauta tinha acesso a todo o universo relacionado à feira. Com textos diretos e objetivos, o espaço levou ao leitor o que há de mais atual e relevante sobre o setor.

Através de um hotsite exclusivo, a Bosch também levou seu estande para fora do Anhembi. Nele, os visitantes podiam acompanhar as novidades da empresa e da feira virtualmente. Além das notícias atualizadas diariamente, os internautas ainda podiam conferir a programação do ciclo de palestras oferecidos pela empresa no local.

Já faz algum tempo que essa onda virtual chegou ao mercado da reparação, mas nunca se viu um volume tão grande de promoções, campanhas e programas, inclusive didáticos, na rede ao mesmo tempo. Durante a feira, por exemplo, dezenas de empresas lançaram algum tipo de ferramenta direcionada ao público que tem acesso à rede.

A ZF foi uma delas. Lançou neste ano o programa “Parceria Premium Sachs”, destinado aos proprietários de oficinas que adquirem kits de embreagem para linha leve da marca e consiste na troca de embalagens por prêmios. Para participar, o programa conta com hotsite no qual é preciso se cadastrar: www.parceriasachs.com.br.

E sobre benefícios, a MTE-Thomson anunciou expansão dos serviços que oferece através do seu site de fidelização. A partir de agora, todos os reparadores cadastrados no programa “Fidelidade Mecânico MTE” terão acesso exclusivo ao site da Universidade do Mecânico e com o fornecimento de login e senha ao “Canal MTE”, transmitido pela internet.

O programa de fidelidade da MTE surgiu da parceria da empresa com a Dayco, que há três anos lançava o Programa “Fidelidade Mecânico Dayco”, que já conta com mais de 30.000 reparadores cadastrados e funciona como os programas de benefícios e milhagens, hoje tão comuns entre as companhias áreas. Comprou o produto, ganhou e acumulou pontos que, depois de registrados nos sites (www.mecanicomte.com.br e www.mecanicodayco.com.br) podem ser trocados por prêmios. “Nossa ideia é levar mais comodidade e informação para o reparador. Sabemos que durante o dia é corrido e à noite ele está cansado ou quer estar com a família, então o Canal MTE proporciona flexibilidade para o reparador não deixar de se informar, mas com a conveniência de poder fazer isso quando melhor lhe convier”, explicou Alfredo Bastos Júnior, gerente de Marketing da MTE.

E outras empresas, como TRW e Sabó, também anunciaram a renovação de seus sites durante essa edição da Automec. O mundo virtual parece mesmo oferecer o caminho mais curto entre uma ponta e outra desse mercado que não para de crescer.

Lançamentos e novidades

Entre uma infinidade de novos produtos, serviços e informações, a equipe da Mercado Automotivo separou algumas novidades desta edição da Automec. Fique por dentro!

Affinia – apresentou novos produtos sob as marcas Nakata e Wix. Também reforçou a marca Power Engine, lançada no início do ano no País e que segue a diretriz global da empresa de produzir produtos globais.

Bosch – destacou o Analisador de Gases BEA 734, destinado para testes de emissões dos gases de exaustão dos veículos a álcool, gasolina, GNV e diesel, além da bancada de teste diesel EPS 708, que analisa sistemas common-rail com até 2.200bar de pressão.

Corteco – apresentou o maior programa de lançamentos da história da empresa, com mais de 1.200 itens que devem complementar suas linhas de retentores, selos, juntas, coxins e kits de reparo para transmissões, rodas e direções. Até dezembro, a empresa deve lançar quatro produtos por dia no mercado de reposição brasileiro.

Dayco – mostrou as novas embalagens de produtos e destacou os tensionadores e as polias, produtos que agora saem de duas fábricas no Brasil.

Delphi – lançou os kits de bomba de combustível flex e equipamentos de diagnóstico, como o reciclador de gás Refmatic e os analisadores de gases, além de bombas de água para linha pesada e radiadores.

Gates – mostrou publicação que reúne informações sobre a construção dos produtos (correias, tensionadores e mangueiras), os cuidados para se realizar com precisão a análise das falhas mais comuns e a troca das peças, além de como utilizar de forma correta e rápida o processo de garantia.

Grupo Schaeffler – destacou a Dupla Embreagem e VCP, que aumenta a eficiência dos motores de combustão interna e melhora o rendimento do veículo e, consequentemente, reduz o consumo de combustível e a emissão de gases poluentes, e a Transmissão de Dupla Embreagem – Dual Clutch Transmission (DCT).

Magneti Marelli Cofap – apresentou novas linhas de kit de motor e transmissão de moto, molas pneumáticas para linha pesada, amortecedores de várias aplicações e linha térmica, além de uma nova versão de atualização do software de diagnose dos scanners Magneti Marelli by Texa.

Mann+Hummer – exibiu filtros de ar para linha pesada com menor impacto ambiental, a carcaça alongada em formato espiral que, ao invés de furos, tem uma espécie de rede metálica.

Outro filtro, para mercado de pesados, é feito com uma cola especial, em substituição à tela típica dos filtros de ar.

Mahle Metal Leve – mostrou novidades em pistões, camisas, kits bronzinas, anéis, sintetizados, tuchos, filtros, válvulas e tubos.

Monroe – promoveu o lançamento da linha de amortecedores Quick-Struct, dos amortecedores eletrônicos CES, para aplicação em veículos Volvo, e do Kit de Controle Rancho com wireless.

MTE-Thomson – apresentou as novas embalagens de produtos, além de sua linha de produtos, com destaque para a recente linha moto.

Sabó – a principal novidade da empresa ficou por conta das juntas para transmissões em alumínio com borracha vulcanizada.

Saint-Gobain Sekurit – apresentou seu kit de ferramentas para serviços de vidros automotivos que será vendido diretamente pela empresa e poderá ser adquirido completo ou parcialmente, de acordo com as necessidades e os recursos dos aplicadores.

TRW – destacou a nova linha de pastilhas para freio, patins e cubos para motocicletas, kits cilindros de roda, cilindro mestre e atuador hidráulico, além do novo rótulo do fluído para freio. Outra novidade é o relançamento da marca Lucas no Brasil.

Valeo – anunciou a criação da Valeo Service América do Sul e o lançamento do Valeo Clip&Go, programa que passa a vender palhetas de limpadores de para-brisa por tamanho e não mais por modelo de veículo. Com 10 tamanhos (entre 15 e 26 polegadas) e um conector para a instalação em qualquer modelo de veículo a linha atende 95% da frota. A empresa destacou ainda o sucesso do Valeo Jet Service, programa de atendimento a consumidores e a oficinas. Lançado há um ano, já atendeu mais de 300 pedidos de ajuda e reduziu em 10% os pedidos de garantia.

ZF – destacou os produtos de transmissão automatizada ZF AS-tronic, as linhas de embreagens leves e pesadas e as tecnologias ainda inéditas no mercado latino-americano, como a suspensão independente para veículos comerciais.